No passado – há não mais de 30 anos atrás – a natureza fazia a gestão do que era possível consumir.
Esperávamos com satisfação pela chegada das laranjas, das nêsperas, dos morangos, das cerejas e dos pratos típicos de cada estação e das festividades.
Hoje, a gestão dos alimentos disponíveis passou a ser gerida pelas capacidade de importação de fruta e alimentos, frequentemente desfasados da época, em conjunto com uma capacidade de produzir alimentação – nem sempre com qualidade nutritiva – em quantidades nunca observadas até aqui.
O fluxo de possibilidades é massivo, hoje num hipermercado podermos encontrar mais de 30 qualidades de pacotes de batatas fritas diferentes, outras tantas de refrigerantes ou fruta de todas as épocas e continentes, produtos que eram consumidos em pequenas quantidades como a proteína animal, lacticínios e açúcar hoje estão apenas limitados pela carteira do consumidor.
A rapidez com que estes elementos chegam às nossas vidas deixa aberto o desafio de uma mudança de paradigma.
Somos neste momento aprendizes de feiticeiros com todas as possibilidades em aberto e com o céu – ou mais além – como limite.
Como aprendizes de feiticeiros, no meio da abundância, o colesterol, diabetes e doenças cardiovasculares são talvez alguns dos preços a pagar por esta mesma liberdade.
Já não é a natureza que escolhe por nós, somos nós que escolhemos por nós e para nós.
E é aqui que começa o desafio, ninguém pode ser responsabilizado pelas nossas escolhas – apenas nós mesmos.
Saber escolher conscientemente, para além de saber ler, escrever e contar é equivalente é nova arte da caça e de sobrevivência.
Nas sociedades industrializadas, já não se morre à fome por não se conseguir caçar, mas é a caça que nos enfraquece e em última instância que nos pode mesmo matar – pela sua abundância e falta de discernimento do caçador.
Boas práticas.