Esta história é verídica:
Num retiro de Zen (Sesshin), depois de dois dias de prática intensa, durante uma meditação, um aluno exclamou:
“Estou farto! Isto é uma estupidez!!”
E saiu para o jardim.
Silêncio na sala.
De seguida o mestre responsável pelo retiro exclamou:
“Ele tem razão isto é uma estupidez!”
E também deixou a sala.
Mais silêncio…
Como nem o aluno nem o mestre regressavam os outros praticantes entreolharam-se e hesitantes alguns levantaram-se e saíram em direcção ao jardim.
Lá fora o mestre e o aluno estavam sentados na relva a rir e a conversar de forma animada.
Á medida que os outros alunos se juntaram a conversa tornou-se ainda mais animada, até que passado algum tempo, naturalmente, surgiu a vontade de voltar à sala e continuar com a meditação.
O resto do retiro correu de forma pacífica e mais relaxada.
A capacidade de criar foco é tão importante como a capacidade de saber desfocar.
Saber desfocar no treino, na dieta, nas nossas relações interpessoais poderá ser mais útil que insistir de forma cega em movimentos, técnicas ou posturas que vão criar ainda mais tensão.
Já todos tiveram experiência de assistir a um jogo de damas ou xadrez – O jogo visto de fora é totalmente diferente de quem está envolvido na ansiedade de ganhar. .
A progressão nas áreas da vida em que se pretenda desenvolver mestria passa também por aqui – Conseguir ver o que realizamos de fora, para podermos criar os ajustes necessários à nossa evolução por dentro.