Existe a ideia de que quanto mais conhecimento possuímos mais conseguimos transmitir aos nossos alunos.
Eu acredito que não podemos ensinar nada aos nossos alunos.
Que a aprendizagem não assenta na exposição de conhecimento teórico ou de uma quantidade grande de movimentos e formas que os mantenham ocupados e como tal presentes nas nossas aulas.
Esse é o modelo do ensino estatal tradicional em que é necessário conhecer teorias, independentemente se isso terá alguma utilidade no futuro. Aqui colecionamos conhecimento.
Porque se o saber não ocupa lugar ocupa de certo tempo que poderia ser utilizado noutro sentido de forma mais criativa e construtiva – por quem aprende e por quem ensina.
Ensinar torna-se assim um ato criativo de quem dá e de quem recebe.
No Chi Kung ou qualquer arte o ensino bem sucedido mede-se não pela quantidade de informação que é fornecida mas pela capacidade de aplicação deste conhecimento por parte dos alunos fora da sala de aula.
O que se pede a quem aprende é que consiga aplicar os conhecimentos transmitidos segundo o seu tempo, espaço e recursos disponíveis. E este é um processo individual, intransmissível e leva à descoberta de uma identidade.
O que se espera de quem ensina é que consiga despertar esta curiosidade com a arte que ensinam seja ela Chi Kung ou uma outra ou disciplina.
E em vez de dizer “eu ensino” posso dizer “eu inspiro” e penso que as aplicações de inspirar alguém são muito mais vastas que ensinar.
A curto, médio e longo prazo.