Ainda se lembra das viagens e autocarro ou comboio antes da era dos smartphones?
Com a cabeça encostada ao vidro a olhar para a paisagem, num estado de sonhar acordado?
Ou caminhar na cidade ou pelo parque sem ser incomodado pelo som de mais uma mensagem a chegar?
Ou ainda estacionar o carro em frente ao mar e ficar a olhar para o mar e a contemplar durante todo o período que está nesse local?
Se a tecnologia móvel nos trouxe benefícios, o espaço que estes ocupam levou à amputação de outros já existentes, nas vidas dos seus utilizadores mais frenéticos.
Um dos quais foi a perca de tempo precioso de digestão.
Este tempo “de estar sem fazer nada”, de contemplação, de sonhar acordado é extremamente importante para o sistema nervoso humano calibrar e fazer a transição de um local para outro.
E encontrar soluções criativas para a nossas vidas.
Desenvolve-se com facilidade uma obesidade mórbida em informação, que por falta de digestão e constante fluxo de entrada não encontra também espaço suficiente para ser aplicada e integrada.
Sem este tempo de digestão é como se estivesse num buffet imenso, em que o movimento é sempre de actividade, de alimentação, de entrada, com os artigos, os podcasts, as redes sociais, as imagens, as mensagens e a necessidade constante de resposta que emparelha com a necessidade de resposta também do trabalho da família e das outras actividades que realizamos.
Por isso ao fim do dia poderá haver a sensação de que não houve tempo para realizar tudo o que queria, inclusive ter tempo para auto cuidado, apesar de a média por dia de utilização do telefone ultrapassar facilmente as 3 hora nos países industrializados. Fonte.
Tempo que no passado era utilizado para digerir, contemplar e ponderar, com benefícios que hoje não se sentem, por esta mesma ausência, em todas as áreas essências e funcionais das nossas vidas.